sexta-feira, 20 de maio de 2011

Você nunca está só - Por Oswaldo Montenegro



Você nunca está só.
Sempre ao seu lado há um pouquinho
 de mim pairando no ar.
Você bem sabe: o pensamento é alado...
Voa como uma abelha sem parar.
Veja: caiu a tarde transparente.
A luz do dia se esvaiu... Morreu.
Uma sombra alongou-se a seus pés mansamente...
Esta sombra sou eu.
O vento, ao pôr do sol, num balanço de rede,
Agita o ramo e o ramo um traço descreveu.
Este gesto do ramo na parede
Não é do ramo:
é meu.

Se uma fonte a correr chora de mágoa
No silêncio da mata, esquecida de nós,
Preste bem atenção nesta cantiga da água:
A voz da fonte é a minha voz.

Se no momento em que a saudade se insinua
Você nos olhos uma gota pressentiu,
Esta lágrima, juro, não é sua...
Foi dos meus olhos que caiu...

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